terça-feira, 6 de julho de 2010

O Sofrimento Tem a Dimensão que Damos a Ele.



“A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”. Sabiamente Carlos Drumond de Andrade cunhou esta frase, que é, de fato, veraz.
Temos visto que as pessoas têm dimensionado seus sofrimentos. Muitos sofrem antecipadamente. Fazem um velório antes do tempo. O que tem levado o ser humano a se comportar assim? Procurei fazer as seguintes distinções, veja:

1- As pessoas querem ser vistas com comiseração: parece que boa parte da população que realmente sofre, é a que menos reclama ou, pelo menos, não se faz ouvir. Contudo, aqueles cuja vida têm, como a de todos nós, pequenas dificuldades, pedras, obstáculos, alardeiam aos quatro cantos para que sejam vistas com grande compaixão, como vitimas do mundo e que estão acometidas pelo maior sofrimento que um ser humano possa ter. Possivelmente, por falta de iniciativa, atitude, preparação contínua, imaginam que outros lhes darão oportunidades por reclamarem bastante e que, preferencialmente, sintam pena delas. Acreditam que o “reclamar muito” gera oportunidades.

2 – Falta de parâmetros de comparação: conheci uma história de um jovem, que subia por uma rua, com bastante inclinação, assoviando, rindo e feliz. Até aí nada demais. A diferença é que esse jovem subia essa rua se arrastando, porque não tinha pernas. Ao vê-lo, outro cidadão que subia a mesma rua lamentando a própria existência, por não possuir carro o inquiriu: “Hei, você, porque está tão feliz? Veja, não tem pernas, está todo machucado de se arrastar. Como é que pode estar assoviando rapaz?” Para sua surpresa, o jovem lhe respondeu: “Em que você acha que minha vida seria melhorada por eu reclamar? No máximo, talvez alguém me carregasse no colo, de pena de mim. Nenhum ser humano deve sentir pena de outro, mas sim, admiração. Foi isso que escolhi para mim: ser o que eu sou, feliz da vida”. Envergonhado, o cidadão e o jovem subiram assoviando.
Não temos dado o verdadeiro valor ao que somos e temos, porém, somos rápidos em diminuir o valor de tudo isso. Se quisermos parar de reclamar e olharmos as questões da nossa vida com mais propriedade, basta fazermos algumas comparações.

3 – Tenha alguém de quem você se envergonhe: reclamamos muito e, noutra ponta, fazemos as coisas erradas porque, quase nunca, lembramos das pessoas que amamos nos momentos em que estamos errando e lamentando. Como ser humano, todos nós somos tentados em algum momento a agir inadequadamente, nas mais simples como nas mais complexas atitudes e decisões. Aprendi que, por exemplo, se no meu trabalho eu estiver dando o meu pior, reclamando dele, devo lembrar: “O que será que meus filhos e minha esposa pensariam ao me ver fazendo isso de maneira errada?” Se você não tem filhos ou esposa, encontre alguém de quem você se envergonharia, caso essa pessoa o visse fazendo coisas erradas. Se for corajoso, verá uma grande mudança no seu comportamento. Com toda humildade, tenho dito isso nas minhas palestras e tem mudado a vida de muita gente.

4 – Esteja ao lado do “Seu Zé”: quando eu era gari, várias vezes pensei em desistir de tudo na minha vida, certamente, coisa de adolescente, afinal, eu tinha quatorze anos. Contudo, não imagino como teria sido minha trajetória se o “Seu Zé”, o homem com o qual eu trabalhava e que era o qual pilotava o carrinho dos garis, enquanto eu juntava a sujeira, não tivesse me servido de exemplo. Ele me aconselhava assim: “Paulinho, peço que seja como eu na vontade que mostro agora, mas não siga meus passos. Preciso trabalhar. Já tenho mais de sessenta anos e veja o que construi; quase nada. Não posso me dar ao luxo de parar de trabalhar, pois não tenho capacidade para fazer outra coisa senão varrer ruas. Quando jovem, decidi não me aperfeiçoar e hoje o tempo já passou. Reclamei muito, acreditei que devia mesmo sofrer e que algum dia alguém faria algo por mim… não percebi que esse alguém deveria ser eu mesmo. Porém, posso servir de exemplo para você. Não faça como eu… estude menino, estude… não reclame menino, não reclame…”
Já faz algum tempo que não vejo “Seu Zé”, mas suas palavras e ensinamento jamais sairão da minha memória, elas ecoam sempre. Não podemos transferir a responsabilidade pelo nosso sucesso aos outros. Mas, é ótimo poder contar com pessoas que nos incentivam, de algum modo, ou seja, por bons ou maus exemplos. O que vale é o que aprendemos com elas, e não o que elas aprenderam ou deixaram de aprender.


Pare de sofrer a toa. A dor é um sinal, pelo menos, de que ainda estamos vivos. O que não podemos é super-dimensionar nossas dores, nos considerando as pessoas mais sofredoras da Terra.  Diga a si mesmo: “Em que minha irá melhorar enquanto eu reclamo e sofro?”. Se conseguir encontrar alguma coisa positiva, me avise. Já faz quinze anos que procuro e não consegui encontrar nada!

Felicidades sempre, um abraço!

Autor: Paulo Sérgio Buhrer
Fonte: http://ogerente.com.br

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