domingo, 28 de novembro de 2010

Felicidade no Trabalho


Veja este e outros artigos em: O Gerente

Ergofeliciômetro – Parte 1

Quero iniciar este texto fazendo a você, leitor ou leitora algumas indagações:~
  • O que o trabalho representa para você?
  • Como você se sente na profissão que você escolheu?
  • E com relação ao desenvolvimento de sua carreira?
  • A empresa onde você trabalha o (a) faz sentir-se feliz?
  • E seus colegas de trabalho idem?
Em resumo: você é feliz no trabalho?
Em 2006, o consultor e headhunter, Robert Wong assim se expressou em uma entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo; “o que tenho visto nestes meus 23 anos de trabalho com executivos é que fatores como carreira consolidada, bons salários e prestígio geram uma felicidade momentânea. Passado este período, o executivo se torna infeliz caso ele não encontre um propósito maior para o trabalho do que simplesmente ir atrás dos ganhos materiais ou daqueles voltados só para seu ego”.
De lá para cá, muita coisa mudou, e o tema “Felicidade no Trabalho” vem sendo estudado e discutido de forma aberta e ampla.
No meio acadêmico podem ser citadas as pesquisas desenvolvidas na Inglaterra pela Dra. Cyntia Fisher e, nos Estados Unidos, pelo Dr. Martin Seligman. No meio corporativo já vem sendo aplicado nas empresas o Índice de Felicidade no Trabalho.
Este tema vem se constituindo em uma grande preocupação de gestores visto que as relações de trabalho são cada vez mais precárias, como afirma o Prof. Gazi Islam.
Antes de prosseguir, quero tecer algumas palavras sobre felicidade. Embora esta palavra possa gerar inúmeras interpretações, quero apenas sintetizar a falicidade em algumas frases:
  • felicidade não se mede, mas se avalia, assim como seus efeitos e conseqüências;
  • felicidade é um estado de espírito que está dentro de cada um de nós;
  • felicidade é um sentimento que, para ser alcançado, é necessário que se tenha vontade e predisposição.
Poderia citar um sem números de exemplos que podem deixar uma pessoa feliz ou infeliz, mas o importante é que este sentimento é individual. Aquilo que gera felicidade em uma pessoa pode não causar o mesmo efeito em outra, visto que cada um tem seu estilo, seu modelo mental, suas características, etc.
O Ser Humano apresente oito áreas que necessitam de cuidados, sendo que oTRABALHO é apenas uma delas. E, talvez, possa ter um grau de importância maior porque é no desempenho de nossa atividade profissional que passamos e dedicamos o maior número de horas do nosso dia.
Voltemos agora à pergunta: você é feliz no trabalho?
Acredito que a resposta não deva ser respondida apena com um SIM ou NÃO, mas com respostas sinceras às três perguntas seguintes as quais, para mim definem o
tripé da felicidade no trabalho.
O tripé da felicidade no trabalho
Este tripé é composto de três perguntas sobre as quais comentaremos.
1ª – Você é feliz COMO e COM O QUE você trabalha?
Antes de buscarmos a resposta a esta pergunta quero citar as cinco fontes de tensão, de acordo com a psicóloga a doutora em administração Betania Tanure, publicadas no caderno Empregos, do jornal O Estado de São Paulo:
– dilema do tempo
A cobrança que fazemos a nós mesmos sobre a falta de horas para realizar todas as tarefas.
– auto-desconfiança
É preciso saber reconhecer as competências, aceitar elogios e confiar na opinião externa. Vemos muitos profissionais de alto gabarito que não acreditam em si mesmos e acabam se frustrando desnecessariamente.
– mudanças
Acontecem sempre na rotina de trabalho. Por medo acaba-se aceitando funções que na agradam, o que atrai insatisfação. O diálogo é essencial para que isto seja evitado.
– orgulho e afinidade com o que se faz
Gostar do que se faz é a base de tudo. Não significa viver em um mar de rosas: afinal, todas as carreiras têm seus pontos positivos e negativos, mas quando os olhos brilham tudo flui melhor.
e – relacionamento com o próximo
Elogiar os outros e construir relações amistosas são práticas excelentes para criar um ambiente de trabalho saudável. A conquista do outro é um passo importantíssimo para iluminar o caminho por onde trilhar nossas carreiras.
A resposta à primeira pergunta está dentro de você mesmo (a) e se baseia nas suas escolhas profissionais baseadas no seu dom, no desenvolvimento de seus talentos e em seguir sua vocação.
Permita-me, caro leitor ou leitora, reproduzir estes conceitos publicados no meu textoA pessoa talentosa tem que ter C.H.A.P.A.
A primeira é DOM (do latim donu), que significa presente, dádiva. É algo inato, que nasce com a pessoa. É aquele “algo especial” que lhe permite realizar uma determinada tarefa com extrema facilidade. Geralmente é mais observado nas artes e nos esportes.
Para os antigos romanos, cada ser humano nasce com um dom, uma determinada capacidade que lhe foi ofertada por Deus, um presente divino.
Para citar apenas um exemplo, lembro de Pelé, cujo dom era jogar futebol.
A segunda palavra é TALENTO (do latim talentum; do grego tálanton).
Na Grécia Antiga, tálanton era uma moeda de ouro ou prata e também uma medida de peso.
Um talento (tálanton) era igual a 60 minas que, por sua vez, equivaliam a 100 drachmas. Como cada drachma variava entre 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento variava entre 27 a 36 gramas de ouro ou prata.
Mais tarde, esta unidade foi adaptada ao sistema monetário romano.
O talento era a moeda dos tempos de Jesus, o Cristo. E foi através de uma de suas parábolas, descrita no evangelho de Mateus (Mt 25:14-30) que talento passou a significar uma habilidade humana.
De acordo com a parábola, três pessoas receberam de seu senhor diferentes quantidades de talentos e, sem que soubessem, foram obrigados a prestar contas aos um período de tempo.
Aquele que recebeu cinco talentos aplicou-os nos negócios e gerou outros cinco.
Aquele que recebeu dois talentos ganhou mais dois.
O terceiro, aquele que recebeu apenas um talento, teve medo e o escondeu: não ganhou nada devido à sua atitude negativa e medrosa.
O talento, como habilidade humana, é desenvolvido através de treino, determinação, persistência, disciplina, obstinação, etc. É pelo talento que aprimoramos o nosso dom, tornando-nos capazes de realizar tarefas que, além de trazer resultados, nos tornarão distintos, diferentes, não-ordinários, extraordinários.
E aqui também se incluem leituras, pesquisas, freqüência a cursos, congressos, workshops para aprimorar o conhecimento e as habilidades. Falaremos sobre isso mais adiante.
Voltemos ao exemplo de Pelé, que tinha o dom de jogar futebol.
Por que Pelé se tornou um talento? Porque treinava, treinava e treinava. E, por seus dribles inesquecíveis, jogadas de mestre e gols de placa, fizeram com que recebesse o título de atleta do século XX, inicialmente pela revista francesa L’Equipe (1980) e depois pelo Comitê Olímpico Internacional (1999).
Daiane dos Santos, Albert Einstein, Michael Jordan, Pavarotti, Tiger Woods, Santos Dumont, Silvio Santos… Todos eles, assim como eu e você, temos um dom que, ao ser desenvolvido, são transformados em talentos. É isto que faz as pessoas serem conhecidas e reconhecidas.
O dom e os talentos transformam a pessoa comum na pessoa certa, no lugar certo e na hora certa.
A terceira palavra é VOCAÇÃO (do latim vocare), que significa chamamento, ato de chamar.
É aquela voz interior, que vem da alma. É a voz que nos diz o devemos fazer: a que nos ajuda a tomar a decisão mais acertada (intuição??); a que faz com que sintamos prazer em realizar determinada tarefa e, enquanto a fazemos, ela se torna fácil, por mais árdua que seja.
“Põe toda a tua alma, põe todo o teu corpo, naquilo que estás fazendo agora”, diz um ditado hindu. Quem segue sua vocação está sempre feliz com o que faz, pois encontrou significado para a sua atividade.
Quem segue sua vocação, não trabalha se diverte, pois encontrou a razão, o significado, para tal.
Quem segue sua vocação, tem sempre um brilho no olhar, desde o início até o fim de seu trabalho.
Quem segue sua vocação, nunca está cansado, está sempre disposto física e mentalmente.
Quem segue sua vocação, renuncia a muitas coisas para ser feliz. Como Sidarta Gautama, o Buda, um príncipe que renunciou a toda a sua riqueza para divulgar suas idéias e sua filosofia de vida.
Quem segue sua vocação, está sempre auto-motivado e tem energia para vencer e superar os mais difíceis desafios.
Enfim, quem segue sua vocação, descobre, pelo auto-conhecimento, sua missão de vida.
O que também contribui para sua felicidade no trabalho é a maneira como você o percebe. Maria José Tonelli diz que o trabalho deve ser: uma atividade útil, uma atividade com objetivos, associado ou não a ganhos financeiros, dar prazer quando bem executado e ser uma via para a inserção social.
Ela também mostrou que, se o trabalho tiver sentido para quem o executa, a sua qualidade de vida é melhorada visto que o trabalho eficiente leva a algo, é moralmente satisfatório, garante segurança e autonomia e é fonte de relações humanas satisfatórias.
Quanto mais você tem consciência de tudo isso, tanto você quanto o seu desempenho, serão e farão a diferença.

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